
Ainda dá tempo de assistir a um filme bacana e de quebra, curtir o pôr-do-sol mais lindo de Salvador. Baita dica, hein? O filme "Scoop - o grande furo" (Scoop), com roteiro e direção da caixinha de surpresas ambulante, Wood Allen está em cartaz na Sala de Arte do MAM, localizada naquele marzão da Avenida Contorno, com sessões às 19 horas.
Um furo de deixar qualquer jornalista louco... Um aristocrata inglês divinamente lindo... Um mágico com cara e jeito de Wood Allen... Uma lenda da reportagem levada pela morte... Cartas de tarô... Uma estudante de jornalismo e... Muita confusão, descoberta, reviravolta e coisas do tipo, como já é da natureza de todo furo de reportagem. Em Scoop, assim como a notícia é algo inesperado, momentâneo e até supreendente, a história segue o ritmo do inusitado, ao envolver em um mesmo enredo um repórter morto, um serial killer, um mágico com uma carta escondida na manga e uma inesperiente aspirante à jornalista.
Tudo começa em um show de mágica, quando Sondra (Scarlett Johansson) é tirada da platéia por Sidney, ou melhor, o grande Splendini, o irreverente mágico vivido por Allen, para um número espetacular de desmaterialização numa caixa de madeira. Surreal, não? Tem mais... Desmaterialização de fato, não houve como era de se esperar, mas Sondra acaba entrando num transe mediúnico com a alma do repórter Joe Strombel (Ian McShane), que por um descuido da morte acabou dando uma fugidinha da barca do inferno, ao descobrir que o filhinho de papai, Peter Lyman (Hugh Jackman) era o terrível assassino do tarô.
E aí que Sodra e Sidney, que só acredita mesmo na história quando vê o fantasma de perto, resolvem investir numa apuração que comprove a informação trazida diretamente do outro lado de lá. Perseguições às escondidas, disfarces, investidas e um pouco de mágica para entreter e distrair a atenção da aristocracia em suas festinhas nos grandes e belos jardins palacianos ingleses. O mundinho elitista, bem como suas manias, rotinas e modos, são satirizadoros com leveza, sem deixar de ser no entanto, criticado em diálogos e passagens inteligentes, em que rir é consequência.
Como tudo que é cômico, pode ser também trágico, idéia que Allen já demonstrara em Melinda e Melinda (2004), as pistas que levavam até o furo eram cada vez eram mais denunciadoras, porém, Sondra acaba se apaixonando pelo Mauricinho. Essa é para os jornalistas... De fato, a objetividade e a imparcialidade são mesmo mitos. Como o amor é algo que cega de vez em quando (quem já experimentou, conhece) o mágico é quem acaba correndo atrás da notícia e de provas que possam comprovar o furo do além. Quebra-cabeça muito bem construído pelo diretor e melhor ainda posto em prática pelo lado ator de Allen.
Apesar de ser meio difícil imaginar Scarlett Johansson fazendo o papel de uma foquinha de redação, de óculos e roupas folgadas, sem aquele sex appel, que geralmente é explorado por Hollywood, em Scoop ela convence como mocinha, mostrando que nem só de formas vive o cinema. De Wolverine à almofadinha, Hugh Jackman realmente me surpreendeu sem aquela pegada e as costeletas que são peculiares ao X-Men, mostrando um “bom moço” (até que se prove o contrário, é claro), romântico, sensível e delicado... Um verdadeiro gentleman, diga-se de passagem, digno de suspiros. Mais uma surpresa da cartola de Allen.
O bom velhinho, com cara e jeito de maluquinho que exerga por trás do clássico óculos fundo de garrafa, segue em suas películas, quase sempre ligadas a questões que envolvem costumes e relações das mais diversas, a infinidade de possibilidades de se explorar uma história. Você pode até imaginar como aquilo pode terminar, mas, sinto muito, com certeza seu palpite vai falhar. Assim como um furo de reportagem, cada desfecho de Wood Allen, surpreende. Fórmula que fez de Match Point (2005) produção anterior à Scoop, um show de cinema à parte do diretor (ah, vale como dica também!). Instigante, criativo, divertido. "Scoop - o grande furo" merece mesmo ser manchete. O topo da página hoje é todo seu.
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